Livro

Pais inteligentes enriquecem seus filhos

EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA. 

Publicado originalmente como Filhos inteligentes enriquecem sozinhos.

Gustavo Cerbasi tem 16 livros publicados e já vendeu 3 milhões de exemplares.

Sobre o Livro

Muitos pais passam anos economizando para ajudar os filhos a começar a vida com menos dificuldades. No entanto, é muito mais importante ensinar os jovens a administrar os próprios recursos desde cedo.

Neste livro, Gustavo Cerbasi mostra como preparar as crianças para poupar, investir e refletir sobre suas prioridades. Além disso, aponta atitudes erradas dos pais que acabam incutindo nos filhos uma mentalidade consumista.

Você vai aprender os seis princípios fundamentais da boa educação financeira:

  • Valorizar: Mostre às crianças que o dinheiro que a sua família esbanja às vezes é tudo o que outras pessoas têm.
  • Celebrar: Ensine-as que presentes têm significado e, por isso, devem ser dados apenas em ocasiões especiais.
  • Orçar: Seu limite é o que você tem. Oriente seus filhos sobre como administrar a mesada e não se endividar no futuro.
  • Investir: Ensine às crianças que os juros recompensam os poupadores.
  • Negociar: Tenha seriedade na hora das compras e faça com que toda a família entenda que pechinchar é um ótimo hábito.
  • Equilibrar: Uma vida financeira saudável inclui a capacidade de poupar, mas também de consumir. Demonstre a importância de fazer tudo isso com equilíbrio.

Leia um trecho do livro

Introdução

Pais inteligentes enriquecem seus filhos é um projeto que nasceu no ano de 2006, com o título original Filhos inteligentes enriquecem sozinhos, em alusão ao meu best-seller Casais inteligentes enriquecem juntos. O jogo de palavras entre os títulos não era uma simples questão de marketing, mas sim uma crítica à equivocada postura dos pais, muito presente ainda hoje na classe média, de ambicionar a formação de reservas financeiras não para seu futuro, mas sim para garantir a moradia ou o primeiro carro dos filhos.

Um comportamento recorrente que observava entre as famílias que acompanhei como consultor era o de pais que percebiam, a certa altura, que seu esforço de poupança não seria suficiente para lhes garantir uma aposentadoria digna. Desesperançosos em relação ao próprio futuro, esses pais compensavam sua frustração com o argumento de que a insuficiente poupança poderia assegurar, no mínimo, a compra da moradia para os filhos e facilitar a vida deles. Esses pais supunham que, começando a vida financeira com menos dificuldades, seus filhos poderiam dar mais atenção ao próprio futuro e, com isso, evitariam repetir o erro dos genitores.

A atitude dos pais resultava em uma grande cobrança sobre os filhos, como se dessem o seguinte recado: “Não cuidei do meu futuro, mas estou dando uma forcinha ao seu. Não se esqueça de mim.” Na prática, pais que fazem isso estão jogando o abacaxi no colo dos filhos.

Daí vem a crítica deste texto. Por mais que os pais não tenham cuidado de seu futuro como deveriam, sempre há algo a ser feito com o pouco dinheiro acumulado – montar um negócio familiar que gere renda, por exemplo. Também, por mais que os pais queiram proporcionar a seus filhos uma vida financeira mais tranquila, muito pode ser feito pelos jovens se eles souberem, simplesmente, fazer escolhas inteligentes com seu próprio dinheiro, mesmo que seja pouco no início da carreira. Filhos financeiramente bem-educados serão capazes de construir sua riqueza e independência financeira bem antes da tradicional meta de aposentadoria aos 65 anos de idade.

Quando escrevi o texto original, no início de 2006, eu ainda não tinha filhos. A Adriana engravidou quando eu comecei a escrever o livro – sinceramente, não sei se isso foi mero acaso. Na época, minha intenção de escrever se baseava na experiência que tive com a atividade de consultoria, acompanhando famílias com filhos, recomendando e recebendo comentários e críticas sobre meus conselhos. As recomendações que exponho nas páginas a seguir não são um simples exercício de intuição lógica, mas sim fruto de análises técnicas pautadas em profunda reflexão embasada em conhecimentos de economia, psicologia e sociologia, aplicadas, validadas e aprovadas por centenas de famílias. De certa forma, minhas recomendações vão além da crítica à atitude de pais e mães. Somo a esta crítica minhas ressalvas à visão puramente economicista, que sugere uma educação financeira baseada em conceitos matemáticos e racionais, pouco naturais para a intuitiva e emocional ­sociedade brasileira.

Após cinco anos, mudando a obra de editora, decidi revisar o texto e reforçar alguns argumentos que não surtiram o efeito que eu desejava. Acumulo também uma importante experiência que não tinha em 2006: três filhos maravilhosamente saudáveis, que já experimentam práticas sugeridas neste livro.

Confesso que educar meus filhos para o dinheiro tem sido mais difícil do que eu imaginava. Não que as sugestões que faço – eu efetivamente as executo! – sejam inadequadas. Pelo contrário, percebi na prática que minhas orientações são pragmáticas e perfeitamente compatíveis com a necessidade de educar para outros valores fundamentais, como ética e cidadania. Em razão do sucesso do livro Casais inteligentes enriquecem juntos, sou obrigado a lidar com a fiscalização ininterrupta de amigos, parentes e vizinhos, sem trégua. Sinto como se todos os conhecidos pensassem “Vamos ver se, na prática, a teoria é outra”, procurando espeto de pau em casa de ferreiro. Não é fácil lidar com esse constante estado de vigilância. Além disso, há quem acredite que, por eu trabalhar com construção de riqueza, todos os presentes de meus filhos devam estar, de alguma forma, relacionados à minha atividade. É trabalhoso administrar, por exemplo, tios generosos que, juntamente com um porquinho, oferecem a minhas crianças uma nota de R$ 50 – no aniversário de dois anos! Mas essa batalha em particular tem sido vencida com certa perseverança de minha parte.

É importante destacar que, mesmo após três filhos, não encontrei mudanças significativas a fazer em minhas teorias. Como expliquei, as mudanças mais evidentes aconteceram nos argumentos e em novos exemplos que colhi nesse período.

Pais inteligentes enriquecem seus filhos ainda é um livro feito para famílias e educadores que, após a estabilização da economia brasileira, começaram a perceber os bons efeitos da baixa inflação e do sistema financeiro mais seguro e estável. A mídia tem dado grande atenção a essa nova preocupação das famílias brasileiras, que buscam entender de temas como investimentos, bancos, ações, imóveis, independência financeira e a busca do primeiro milhão.

O Brasil de hoje é um país maravilhoso para quem quer construir riqueza, mas muitos se questionam: por que não nos contaram isso na escola? Ou na faculdade? Não importa a idade em que um adulto tem contato pela primeira vez com boas informações sobre dinheiro ou com um consultor financeiro. A impressão que temos é de que sempre despertamos tarde para o assunto. “Ah, se eu tivesse começado aos 18 anos…” é uma frase que ouço com muita frequência.

De fato, quem pensa assim está provavelmente certo. Seria bem mais fácil construir riqueza se começássemos cedo. Considero menos difícil convencer um estudante que recebe R$ 600 mensais de bolsa-estágio a poupar 30% do que ganha do que convencer um chefe de família de 50 anos a poupar 10% da renda, se ele nunca cultivou o hábito de fazer reservas. A segunda tarefa é praticamente impossível. Esse adulto dirá que seus filhos estão na faculdade, precisam de livros e roupas, têm que comer bem, e, em função de necessidades tão fundamentais, a família está sempre vivendo sob restrições desagradáveis.

Mas adultos que têm dificuldades para lidar com dinheiro estão buscando respostas a seus problemas pessoais, ao mesmo tempo que sua mente alarmada os avisa que seus filhos podem ter um futuro bem mais próspero se a orientação adequada chegar no momento propício. Também pensam assim os adultos que, mesmo não tendo problemas financeiros, aprenderam a administrar suas finanças após duras lições aprendidas com perdas.

Neste livro, você verá como atitudes simples e ferramentas interessantes podem ser utilizadas para que seus filhos adquiram uma postura bastante saudável em relação ao dinheiro. Não proponho aqui um curso de matemática financeira nem de economia, mas sim um conjunto de métodos e ferramentas que, em meu trabalho como consultor financeiro, vejo funcionar de forma muito eficiente nas famílias e aplico na relação com meus filhos.

O texto refere-se frequentemente a pais e mães, mas levo em consideração que o livro será lido também por educadores, tios, padrinhos, avós e todos aqueles que resolveram assumir parte da responsabilidade de construir um futuro digno e próspero para crianças frágeis mas espertas, que multiplicarão nossas heranças – não só financeiras, como também morais – no futuro. Não importa seu grau de participação na concepção da criança ou das crianças que o inspiram a ler este livro. Sua nobre preocupação merece ser adjetivada como maternal ou paternal.

Como venho de família de origem modesta, não contei com um berço de ouro para garantir presentes, brinquedos, cursos e livros com a abundância que meus pais desejariam me proporcionar. Mas o fundamental não me faltou: a riqueza não material – muito convívio familiar, momentos memoráveis, bons professores (nem sempre na escola), brincadeiras de rua e o amor infinito de pais, tios, avós, padrinhos e amigos.

Como sei que você, pai ou mãe, pode também garantir esse fundamental a seus filhos, acredito que a leitura das páginas a seguir será o primeiro passo para erguer um belo castelo de riquezas em sua família ou para perpetuar um patrimônio que vocês vêm mantendo ou construindo com perseverança e disciplina.

Por que começar cedo? Quanto poupar por mês,
na caderneta de poupança, para acumular até os
65 anos uma reserva de R$ 100 mil em valores atuais

Idade de início

Aplicação Mensal

20

R$ 102,81

25

R$ 124,04

30

R$ 151,85

35

R$ 189,56

40

R$ 243,11

45

R$ 324,40

50

R$ 461,17

55

R$ 736,69

Veja como a acumulação de poupança – uma forma de riqueza material – é menos sacrificante quando iniciada cedo. Quem almeja formar uma reserva de R$ 100 mil para, digamos, iniciar um negócio próprio aos 65 anos precisa deixar de gastar R$ 124,04 por mês dos 25 anos em diante. Se deixar para começar esse esforço aos 55 anos, terá que deixar de consumir R$ 736,69 por mês, praticamente seis vezes mais, numa fase em que o custo de vida é bem maior.

Por que se educar? Veja como a escolha de um investimento que renda o triplo da caderneta reduz
o valor da aplicação mensal para se atingir os
mesmos R$ 100 mil até os 65 anos

Idade de início

Aplicação Mensal

20

R$24,56

25

R$35,80

30

R$52,62

35

R$78,32

40

R$118,88

45

R$186,23

50

R$308,20

55

R$568,01

Tomando alguns cuidados para assegurar uma rentabilidade um pouco melhor para seus investimentos, o esforço para formar poupança é bem menor. Repare como, para quem começa a investir aos 25 anos, o valor a poupar caiu de R$ 124,04 para R$ 35,80 por mês. A diferença, de R$ 88,24, permite consumir mais e torna o ato de poupar menos sacrificante. Além disso, com rendimentos melhores nos investimentos, o efeito de longo prazo se intensifica: se você deixar para começar a poupar aos 55 anos, o esforço terá que ser quase 16 vezes maior (R$ 568,01/R$ 35,80).

Escrevo meus livros porque acredito que começar cedo e da forma correta pode diferenciar um milionário de um endividado. Porém, deixar uma herança para os filhos não se resume a deixar um monte de dinheiro, mas sim ensinar-lhes a competência para cuidarem de seus próprios recursos. O papel dos pais é formar filhos que, quando adultos, não precisem deles. Por isso, convido-o a uma leitura tranquila e sem pressa, procurando absorver e colocar em prática cada um dos ensinamentos que preparei com este trabalho.

Boa leitura!

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